Da Linha do Dão à Ecopista do Dão

A Linha do Dão foi das primeiras vias-férreas de bitola estreita (via métrica) de Portugal, tendo sido inaugurada a 25 de novembro de 1890.

Com início na estação de Santa Comba Dão, onde intersectava a Linha da Beira Alta, a Linha do Dão viria ainda a passar por Tondela, atravessando as terras do Dão, até chegar à estação de Viseu numa extensão total de 49,2 Kms. A partir daqui viria a ligar à Linha do Vouga que estabeleceria a ligação até Aveiro interligando com a Linha do Norte.

Em agosto de 1972, o serviço de mercadorias foi suspenso, sendo a Linha do Dão totalmente encerrada em 25 de setembro de 1988. Entre 1997 e 1999 os carris foram levantados, bem como o balastro e as travessas, tendo todo o património edificado ficado ao abandono.

A Ecopista do Dão desenvolveu-se ao longo do antigo ramal ferroviário do Dão, numa extensão de 49,2 Kms e atravessa os concelhos de Viseu, Tondela e Santa Comba Dão.

Esta infraestrutura integra a rede nacional de Ecopistas que se articularão entre si através de outros corredores verdes para a promoção do turismo de natureza e o touring cultural e paisagístico.

A requalificação de todo o espaço da linha do Dão ascendeu aos 5 milhões de euros e esteve a cargo dos municípios de Viseu, Tondela e Santa Comba Dão, após protocolo com a REFER, tendo sido apoiada pelo Programa Operacional Mais Centro, do Quadro de Referencia Estratégico Nacional (QREN).

Ecopista e Projetos Europeus

A CIM Viseu Dão Lafões, enquanto entidade gestora da Ecopista do Dão, procurou inserir a infraestrutura nas redes nacionais e internacionais, pelo que se tornou associada da EGWA – Associação Europeia de Vias Verdes e da APCV – Associação Portuguesa de Corredores Verdes.

Fruto desta integração, a Ecopista do Dão participou, durante o ano de 2012, num projeto europeu, designado “Greenways4Tour”, que tinha como objetivo “Promover e aumentar a consciência internacional sobre as vias verdes europeias, apresentando-as como excelentes infraestruturas para ciclistas, caminhantes e pessoas com deficiência bem como melhorar a oferta ao nível do turismo sustentável na Europa.”

Esta operação, liderada pela EGWA e apoiada pela DG Empresas e Indústria, da Comissão Europeia, teve como parceiros a Universita degli Estudy de Milano (Itália), Eurogites, European Federation of Farm and Village Tourism, Fundación de los Ferrocarriles Españoles (Espanha), Basquetour Turismoaren Euskal Agentzia (Espanha), Nadece Partsersvi (Républica Checa), Consorci de les Víes Verdes de Girona (Espanha) e é liderada pela Associação Europeia de Vias Verdes.

A CIM Viseu Dão Lafões integrou ainda duas novas parcerias que resultaram em candidaturas à Comissão Europeia e que estão relacionadas com a criação de Produtos Turísticos e Rotas Culturais nas vias verdes europeias. Estas novas parcerias são constituídas por entidades como a Associação Europeia de Vias Verdes, o Instituto do Transporte e Turismo (Reino Unido) ou a Fundação Via Verde da Serra (Espanha). Participam, ainda, entidades de outros países como a Noruega, Letónia ou Itália.

A Ecopista do Dão, através da CIM Viseu Dão Lafões, participou no projeto “Greenways Product”, que teve como objetivo fortalecer as ecopistas europeias como produto turístico transnacional com um elevado potencial para o desenvolvimento sustentável do sector do turismo, incluindo o desenvolvimento de ofertas turísticas com o intuito de facilitar a sua aceitação no mercado.

O referido projeto visou, também, promover e reforçar a visibilidade da Rede Europeia de Vias Verdes como produto turístico transnacional através de ações comuns de promoção e de comunicação, entre outras, fornecendo informações abrangentes e práticas para os potenciais turistas e operadores turísticos.

Como parceiros do supramencionado projeto, que foi liderada pela Fundación de los Ferrocarriles Españoles (Espanha), estiveram a Associação Europeia das Vias Verdes, Rogaland County Council (Noruega), Institute of Transport & Tourism. University of Central Lancashire (Reino Unido), GAL Polesine Delta Po (Itália), Federazione Italiana Amici della Bicicletta (Itália), CIM Dão Lafões (Portugal), Associação Portuguesa de Corredores Verdes (Portugal), Vidzeme Tourism Assotiation (Letónia), Fundación Vía Verde de la Sierra (Espanha), Consorcio Regional de Transportes de Madrid (Espanha), Rutas Pangea (Espanha), Iberus (Espanha) e Deporventura (Espanha).

Prémios

É de referir o prémio de excelência atribuído à Ecopista do Dão, no âmbito da VI Edição de Prémios Europeus de Vias Verdes, que se realizou, pela 1ª vez em Portugal, em setembro de 2013, em Viseu, numa co-organização entre a EGWA e a Comunidade Intermunicipal.

Estudos

Em 2012 a CIM Viseu Dão Lafões considerou necessário avaliar o impacto sócio-económico da Ecopista na população e no território. Com esse objetivo levou a cabo a realização de um inquérito on-line através do Survey Monkey que, para além de uma caracterização da ecopista e das atividades efetuadas, incorporou, também, uma análise à sua utilização e benefícios daí decorrentes.

Como uma das conclusões deste trabalho de campo, podemos definir o utilizador tipo da ecopista como sendo do sexo masculino, que vive em Viseu Dão Lafões, tem entre 26 e 45 anos e utiliza a ecopista várias vezes por mês, principalmente de bicicleta. Quando o faz vai acompanhado, durante 1 a 2 horas e tem como objetivo quer o lazer quer a prática de desporto.

O questionário realizado permitiu também aferir o elevado grau de satisfação dos utilizadores em relação a esta infraestrutura, sendo considerado por 95% dos participantes no inquérito como um investimento positivo.

Em relação à proveniência, os utilizadores sendo maioritariamente da região Viseu Dão Lafões, têm inúmeras proveniências diferentes, o que reflete a capacidade de atração deste equipamento. Dos 33% de utilizadores de fora da região destaca-se a Grande Lisboa, Grande Porto e Baixo Vouga.

``Estruturação e Organização do Produto Turístico Ecopista do Dão``

A Ecopista, em si mesma, é já um elemento físico estruturante ao qual podem ser agregadas outras infraestruturas de animação turística e desportiva, assim como, agentes económicos prestadores de serviços, à semelhança, aliás, de boas práticas que se têm vindo a verificar internacionalmente, como no exemplo de Girona, Espanha.

Nesse sentido, a CIM Viseu Dão Lafões, no âmbito do projeto “Criar e Promover a Marca Viseu Dão Lafões”, concretiza a criação de produtos, organizados em “tours”, e no planeamento de estruturas permanentes de animação turística, na forma de propostas de futuros investimentos, ancoradas no “corredor” Ecopista do Dão. Estas propostas têm em vista a sua utilização integrada a pé, de bicicleta e automóvel, permitindo no entanto também a sua utilização apenas por um dos meios, sempre tendo em vista a descoberta do território Viseu Dão Lafões.

Pressupostos dos Produtos Turísticos Ecopista do Dão

Levar o turista a descobrir o território envolvente à Ecopista a partir desta e/ou voltando a esta:

  • Diversidade temática para captar públicos com diferentes apetências;
  • Percursos de touring, capazes de resultar em circuitos fechados;
  • Diferentes durações e dificuldades claramente identificadas;
  • Meio de locomoção principal a bicicleta, complementado com os percursos pedestres mas, em alternativa, também o recurso ao automóvel ou mesmo autocarro;
  • Enquadrar os tours com opções de dormida, restauração e visitação numa frequência suficiente a uma utilização turística;
  • Formatar os produtos tanto para a utilização de utilizadores finais como para operadores turísticos;
  • Possibilitar a criação de dois programas paralelos entre utilizadores da Ecopista do Dão e acompanhantes.

Folheto Mapa Turístico Ecopista do Dão

Depois de estruturado o produto, elaborou-se um mapa onde identifica e classifica os 11 TOURS já estruturados.